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Genética cria supertouros para rodeios

23 de agosto de 2011.

Clones do famoso touro Bandido, morto em 2009, na Fazenda Santa Martha, em Icém (496 km de São Paulo) Imagem: Edson Silva/Folhapress Cruzamentos genéticos e clonagens, assuntos que aparentemente passavam longe do rodeio, se transformaram cada vez mais nos últimos anos em algo comum nas conversas entre tropeiros --donos de boiadas-- e peões.

Os touros estão cada vez mais fortes e ágeis, graças ao avanço da ciência no mundo country, e passaram a ter alimentação balanceada, cuidados veterinários e até a praticar natação.

Com isso, chegam a pesar mais de uma tonelada --contra 800 kg, no máximo, até o final da década passada--, prolongam a carreira e preocupam os competidores.

Um dos precursores é o tropeiro Paulo Emilio Marques, dono do touro Bandido, o mais temido animal dos rodeios brasileiros morto em 2009.

Ele cria três clones do touro e terá em Barretos 20 animais com esse perfil --inclusive com atendimento de hospital veterinário.

Hoje, raças como marchigiana, nelore e simental estão entre as mais usadas --e mais cruzadas pelos proprietários-- nas arenas do país.

"Nelore com simental é o cruzamento mais usado. Mas a marchigiana é muito boa também", afirma.

Dados do Conselho Nacional de Pecuária de Corte indicam que a marchigiana ganha peso rápido e tem alto desenvolvimento de massa.

Já o simental, que tem peso médio de 1.050 kg e cresce rápido, tem boa musculatura e sem tendência a acumular excesso de gordura. O nelore é caracterizado por ter ossos finos e leves.

O tropeiro Humberto Francisco Nucci disse preferir cruzar nelore com marchigiana. "Sai uma máquina de pulo. Quando sai um animal bom, ele aguenta por muitos anos. Faz seis anos que iniciei o selecionamento de animais. Se não vai bem, já tiro e ponho outro."

CLONES

Dos três clones do touro Bandido que o tropeiro Paulo Emilio Marques tem, dois são considerados bons para serem usados em rodeios.

"Até pensei em não usá-los, por causa da mística. Mas achei melhor colocá-los nos rodeios", afirmou.

O investimento para a clonagem chega a R$ 30 mil por unidade, mas o tropeiro disse ter feito parceria com uma empresa norte-americana.

Ele tem, ainda, 1.500 doses de sêmen de Bandido, que vende por R$ 2.000 --a média de outros bois é de R$ 300.

Morto em 2009 aos 15 anos, após a detecção de um câncer de pele, Bandido ainda é o que mais gera comentários no mundo do rodeio.

Invicto em mais de 200 montarias seguidas --um peão conseguiu parar, mas antes de ele virar "celebridade"--, o animal ganhou um memorial em Barretos.

A fama de Bandido se alastrou em 2001, quando o peão Neyliowan Tomazeli, de Poloni, campeão da Festa do Peão de Barretos de 1999, desafiou o touro no Mundial Toyota, em Jaguariúna.

Depois de ser derrubado, o peão foi arremessado a quase seis metros de altura e ficou nove meses numa cadeira de rodas. Quatro anos depois, o touro foi "ator" na novela "América", da TV Globo.

Fonte: Folha.com

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